sábado, 25 de junho de 2011

DIANTE DO ASSOMBRO DE TER QUE SUBSTITUIR ... ERAM DUAS SUPRESAS

O cansaço hoje não me impede de escrever no blog, pois ele advém da criação dos criadores; "O ATOR." Hoje (25) no ensaio da A Terra dos Meninos Pelados tivemos a entrada da atriz Diana Ramos no espetáculo.  A entrada de Diana acarretou em várias alternativas para o espetáculo. A atriz Andrea Rosa por contingência da saída de outra atriz teve que assumir OUTROS personagens para primeira semana de viagem. Um desdobramento necessário, por obrigação e para atriz Andrea vai ser um grande aprendizado.   O ator preparado, sempre apostos. Disso não tenho que reclamar. São, e estão todos juntos, todos antenados com o oficio. Já tinha sido antes com a saída do ator Pedro Ivo e rapidamente o ator Erick Lopes o substituiu.  Agora com Andrea Rosa (dos ventos).
A entrada da atriz  “soropernambucana “ Diana Ramos   ao espetáculo trás uma qualificação necessária. Atriz de talento, com formação em Pernambuco e na Bahia tem no corpo, um trabalho em cima do clown e um excelente registro vocal, alem de ser um a grande “palhaçona”. Entrou com gosto de gás.   
O ensaio começou ás 09 h primeiro com Diana passando cena com ela, depois passando com Andrea. Lembrando que a s duas estão fazendo os mesmos personagens devido à saída de Lívia padre. Assim o ator que contracenava com uma tinha que repetir com a outra assim sucessivamente, como também passar a cena com as duas juntas. Ainda valendo salientar que cada cena era passada umas três vezes ou mais com cada atriz. O que deu para perceber é que o caos que se instaurou com saída foi sendo contornado. “No princípio era o caos”... A cada repetição tanto a atriz Andrea Rosa, com Diana Ramos iam assimilando outras coisas, se apropriando do texto, do personagem. E o engraçado é que as duas estão diferentes na suas composições. Cada uma colocaram suas impressões, seus registros aos mesmos personagens.
A chegada A Terra da “veterana” Andrea Rosa (está desde a primeira montagem) fazendo outros personagens é bem vinda. A chegada da atriz Diana Ramos idem, e a soma das duas fizeram um ensaio criativo e diferente. E parafraseando Graciliano Ramos  em Memórias do Cárcere  digo: O assombro do  ENCENADOR  diante  da ausência , da substituição me pasmava- e eu era duas surpresas;  a de ter que substituir de uma hora para outra  , era  o caos, e depois ver que o caos era ordenado diante do criador- O ATOR.
“E vamos que vamos atrás de uma historia de alguém que saiba contar.”
Samuel Santos

Aos que fazem a Terra

    Às vésperas da tão sonhada volta e do início do projeto que dá nome ao nosso blog, "Geografia Poética", o diretor Samuel Santos escreve aos partipantes do processo para o espetáculo "A terra dos meninos pelados". Emoção e carinho em cada linha. Confiram!

Preciso Estudar a minha Lição de Geografia Poética.

    A todos que fazem e que estão fazendo essa roda girar quero dizer: 
Próximos, bem próximos de voltarmos à terra de Tatipirum.  São seis anos sem visitá-la.  Sem ver o rio de sete cabeças, laranjeira, Senhor Tronco, a Guariba. Por onde andam “os meninos “ da Guariba? Por andam os meninos que deram vida: Talima, Fringo, Sardento, Nira, Pirenco?  Estão  voltando, voltando. Para onde? Cadê todos! Trarei os meninos bons... mas nem todos virão.. Tiveram que ficar na terra Brasilis. Era necessário?  É obrigação. Enfim. A Serra de Taquaritu já está sendo avistada. Começo a sentir o cheiro... O som... A música...“um dia irei para meu país... “
     As roupas estão diferentes... Ganharam um ar mágico, imponente e liberto. Gente vestindo roupas de Tatipirum; dirá a Aranha. E quando contarmos de um até dia nove, nós chegaremos!  Boca de forno, forno! Eu quero que todos  sonhe esse sonho!
     E quando um mosquito  zumbir perto de mim, é por que eles chegaram. Talvez se estranhe bem pouquinho... Mas quem é essa? E esse? Essa é Camila, esse é Fernando. Vieram com a gente.  Era necessário? Sim!  São necessários. E os outros? E aparecem Andrea Nira/Guariba, Lívia laranjeira/Talima, André Carro/Grandão, Amaro/Pirenco, Erick Tronco/ Sardento, Leila, Tiago, Duan.  Eles voltaram e trouxeram outros meninos bons com eles!  Olha, eu tenho um projeto? Fale... Mas andando assim...  Ei! Você não era aquele menino que ficava  sentado tocando na flauta poesia? Era sim, sou eu mesmo.  E por que dessa cabeça pelada, esses olhos de duas cores? Eu sou Raimundo! Raimundo... Esse nome é bem... Conhecido... Raimundo... Raimundo! Sim!  Eu sou Raimundo! Antes era o Raimundo que tocava flauta, hoje continuo tocando, mas agora estou também  o Raimundo da palavra, do texto, da cena... Era necessário? Sim.
     E o meu projeto? Sim, conte!  Eu queria que todos tivessem... Tivessem o sonho. Um sonho ele pode ser diferente, um do outro mas que todos tenham um sonho para deixar cada rosto igual, no sonho e na poesia. Eu sonho tanto que às vezes não ”cabe” dentro de mim, eu sonho tanto que às vezes não cabe dentro de mim...


Samuel Santos

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ensaio - Teatro Barreto Jr.

      Caros viajantes da nau Geografia Poética! Nesta rota, estamos navegando cada vez mais além. Zarpamos rumo ao país de Tatipirum, todos juntos. O ensaio do último domingo foi de pura emoção. Apesar dos percalços havidos no caminho, conseguimos alcançar porto seguro.
       Figurinos, cenários, luz, técnica, atores, músicos, diretor, fotógrafos, espectadores. Quase tudo estava ali. Por instantes, lembrou uma estréia. O nervosismo e a ansiedade eram presentes, mas a vontade de fazer superou qualquer receio.
       Deixamos aqui o registro dessa aventura tão querida por cada um de nós. Viva A terra dos meninos pelados!



      

terça-feira, 7 de junho de 2011

Registrar

                      
                                    Com Theonila Barbosa, nossa fonoaudióloga

                              
                                                       Jogos e técnicas corporais 



                                            Ensaio - cena do "Dorme Raimundo"

                                          
                                  Grupo Arte em Foco - ensaio na Cia. Compassos



Samuel Santos  e suas orientaçõs - Diretor



                                                                Cena da Aranha


Java Araújo - figurinista 

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Gabriel Perissé- Geografia obrigatória sobre A Terra dos Meninos Pelados

Personagens; visão da quarta parede.

      Sou uma espectadora privilegiada. Além de ser parte do espetáculo, sou também uma espectadora mais que fiel. Vejo tudo, preciso ver para poder executar meu ofício, pra fazer soar o violão. Devo estar atenta a cada fala, a cada texto, cada personagem, por isso, hoje resolvi escrever sobre o que cada menino pelado e cada ser fantástico que existe no país de Tatipirum me transmite.
     Começo com o Raimundo, sem nenhuma surpresa. Um menino sonhador, solitário, sabido, ligeiro e perguntador. Vive sonhando com sua terra. Entrega-se inteiro ao seu país. Está sempre na tentativa de encontrar a resposta para tantos dilemas, o maior deles, ter a cabeça pelada e os olhos com cores diferentes. É a linha que costura os retalhos da história, é o maestro daquela orquestra de meninos, tão astutos, traquinos e alegres quanto ele é.
     Os meninos, aqueles que caçoam da diferença impressa na cara de Raimundo. São meninos que não sonham, que não imaginam. Estão restritos àquilo que podem ver, ao que é físico. Demonstram intolerância e julgam sem qualquer sentimento. São breves contudo incisivos.
      Ao chegar na terra tão sonhada, a quimera de estar com os seus acaba de abrir as portas. O carro é o primeiro indivíduo que Raimundo encontra nessa aventura. O carro é breve, objetivo, não atropela ninguém e diz ao Raimundo para deixar de besteira. Deixa o caminho livre, confirma que os caminhos estão abertos para o divertimento do protagonista.
      "Faz favor?!" diz a Laranjeira.. Bucólica, educada, fina, inebriante, tranquila, paciente e disponível. Explica ao menino recém chegado quais os costumes do lugar. Ainda o orienta a seguir sempre em frente, a seguir sempre, para o tão desejado encontro com os colegas de ímpar semelhança, todos os caminhos são certos. Ela é o norte, o passaporte para o divertimento.
       Chegam aí os primeiros a ver Raimundo, os meninos pelados Fringo, Sardento e Pirenco. Parecem três palhaços, mas de cara lisa, de rosto limpo. A graça está no gesto, na expressão de todo corpo desses moleques. São divertidos e muito curiosos. É o primeiro contato humano, digamos assim, de Raimundo na terra sonhada.
       O troco é a maturidade. Velho, vivido, quer sempre o melhor, não quer ver confusão e nem que surjam pensamentos diferentes do que realmente existe.
       Costureira, dona do talento de construir as roupas de todos os meninos, a Dona Aranha é o toque pop da história. É uma estilista, dita o que chamo de "a moda em Tatipirum". É moderna, chique, convencida, pintosa, metida, exibida e escandalosa. Inclui Raimundo no estilo do lugar.
       Daí chegam os outros meninos, Grandão, Cira e Talima. O primeiro é medroso e chorão, só tem tamanho mesmo, coração mole dentro de uma casca grossa. Vive pensando besteira. Cira é quieta, observadora que só ela, mas é muito honesta nas suas reações. por último, Talima, menina com ar de boba, insistente até a tampa e muito doce no olhar.
        Mandando em tudo, chega a Princesa. É uma menina metida a ser gente grande, contadora de histórias, serelepe, rápida e inteligente. Passa a impressão de ser a mais velha da turma, apesar de ser a mais baixa. Tal impressão se justifica pelo seu comportamento firme para com os meninos, é como se ela fosse a chefe, a mestra que todos seguem seus pedidos e mandados.
        A velha Sinhá Guariba é o último ser fantástico que assina a aventura de Raimundo no país de Tatipirum. Já viveu tanto que esqueceu do tempo que era menina. Vejo-a como minha avó que sabe é muito da vida, já viu muito do mundo, mas agora, no avançar da idade, esquece das coisas. Ainda assim, a macaca dá um jeito de participar da jornada juntos com os meninos, contando um 'causo' que lhe ocorre.
      Na minha ótica, cada ser de Tatipirum é especial e deixa sua marca no caminho de Raimundo. Conviver com eles a cada encontro, é uma alegria. Cada um imprime na memória de quem os vê, um sinal de amizade, boa vontade e companheirismo. Daqui a pouco, eles estarão não só no meu imaginário, mas no de tantos outros que desejam conhecê-los verdadeiramente.



                                                                                Por Leila Chaves
     

terça-feira, 24 de maio de 2011

Juntos por muitas idas e vindas

       Domingo, 22.05.11, manhã de sol quente em Recife. Moto, mochila, instrumentos separados e saio de casa para conhecer Tatipirum. Cheguei à estação e me deparei com outras pessoas que fariam a mesma viagem. Apesar de todas as outras presentes já conhecerem o destino, a euforia e empolgação para mais uma ida era como se fosse a primeira vez. Confesso que o receio, o frio na barriga, a insegurança de conhecer o novo, logo foi esquecida e substituída por risadas ainda tímidas e uma vontade imensa de logo chegar a Tatipirum.
     Alguns minutos para checar todos os passageiros, bagagens... todos prontos? Vapt! Partimos.
      Em questão de segundos, percebi que já tinha chegado. Comecei a conhecer a "população" de Tatipirum ao mesmo tempo que ia conhecendo o local. Cada figuuuura. Alguns habitantes muito diferentes, estranhos, que até chegam a ser bem engraçados. Percebi que aos poucos, alguns olhares me viam como um "menino diferente", talvez um Raimundo, mesmo sem ter os olhos cada um de uma cor, muito menos a cabeça pelada.
      Mas também pudera. Sentado numa pedra de madeira, com discos metálicos pendurados em galhos de ferro, vassouras no tamanho de um espanador (uma em cada mão) e com pássaros de bambu presos a um barbante que cantavam alegremente quando os rodavam. Tudo isso fazia um barulhinho bom, que se misturava aos sons daquele lugar e também com as vozes dos que habitam "A Terra dos meninos pelados". Uma fantasia mais do que realista.
E olhe que farei muitas outras viagens a esta Terra mágica. Pra que logo em breve, tantos outros possam ir conosco.
      Desejaremos: merda, merda, merda, merda... as cortinas se abrirão, as luzes se acenderão, silêncio diante do palco. Eis a pré-apresentação entre palco e platéia.  Por trás da maquiagem e por baixo dos figurinos, a luz dos que fazem o espetáculo. Luz que faz brilhar os olhos do público mais do que qualquer iluminação de palco. Logo, logo vocês conhecerão Tatipirum. Podem confiar.
      Obrigado aos meus companheiros na minha primeira ida. E que estejamos juntos por muitas idas e vindas.


                                                                              


                                                             Por Fernando Ribeiro.