terça-feira, 24 de maio de 2011

Juntos por muitas idas e vindas

       Domingo, 22.05.11, manhã de sol quente em Recife. Moto, mochila, instrumentos separados e saio de casa para conhecer Tatipirum. Cheguei à estação e me deparei com outras pessoas que fariam a mesma viagem. Apesar de todas as outras presentes já conhecerem o destino, a euforia e empolgação para mais uma ida era como se fosse a primeira vez. Confesso que o receio, o frio na barriga, a insegurança de conhecer o novo, logo foi esquecida e substituída por risadas ainda tímidas e uma vontade imensa de logo chegar a Tatipirum.
     Alguns minutos para checar todos os passageiros, bagagens... todos prontos? Vapt! Partimos.
      Em questão de segundos, percebi que já tinha chegado. Comecei a conhecer a "população" de Tatipirum ao mesmo tempo que ia conhecendo o local. Cada figuuuura. Alguns habitantes muito diferentes, estranhos, que até chegam a ser bem engraçados. Percebi que aos poucos, alguns olhares me viam como um "menino diferente", talvez um Raimundo, mesmo sem ter os olhos cada um de uma cor, muito menos a cabeça pelada.
      Mas também pudera. Sentado numa pedra de madeira, com discos metálicos pendurados em galhos de ferro, vassouras no tamanho de um espanador (uma em cada mão) e com pássaros de bambu presos a um barbante que cantavam alegremente quando os rodavam. Tudo isso fazia um barulhinho bom, que se misturava aos sons daquele lugar e também com as vozes dos que habitam "A Terra dos meninos pelados". Uma fantasia mais do que realista.
E olhe que farei muitas outras viagens a esta Terra mágica. Pra que logo em breve, tantos outros possam ir conosco.
      Desejaremos: merda, merda, merda, merda... as cortinas se abrirão, as luzes se acenderão, silêncio diante do palco. Eis a pré-apresentação entre palco e platéia.  Por trás da maquiagem e por baixo dos figurinos, a luz dos que fazem o espetáculo. Luz que faz brilhar os olhos do público mais do que qualquer iluminação de palco. Logo, logo vocês conhecerão Tatipirum. Podem confiar.
      Obrigado aos meus companheiros na minha primeira ida. E que estejamos juntos por muitas idas e vindas.


                                                                              


                                                             Por Fernando Ribeiro.


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Minha Primeira Viagem a Tatipirum

      Domingo passado, 15 de maio de 2011, fiz minha primeira viagem a Tatipirum. A chegada foi repleta de ansiedades, desejos, sonhos, boas expectativas e ótimas lembranças da época de espectadora da peça, no início de minha caminhada no teatro. Se a chegada estava carregada de energias boas, não posso dizer diferente da receptividade. Todos os ‘Meninos Pelados’ empenhados em compartilhar comigo o sonho de Raimundo… Um espírito de leveza se tornou presente no ambiente e, aos poucos, a ansiedade foi dando espaço à tranqüilidade.
      Durante toda a semana, em diversos momentos dos meus dias, os pensamentos chegavam a Tatipirum e uma experiência em particular despertou em mim o desejo de compartilhá-la com os companheiros dessa nova jornada… Uma Oficina sobre A Alegria da Contracena, ministrada por Roberto Lúcio. Todas as descobertas sobre a contracena me faziam ansiar por viver plenamente essa entrega entre os atores nos ensaios, nas apresentações… Me faziam ansiar pelas crianças na platéia, vivendo conosco o ‘Sonho de Tatipirum’….
      Muito do que é a contracena eu pude sentir no meu primeiro contato com o
elenco, no meu primeiro ensaio: a disponibilidade de ajudar o outro em cena, o ‘estar aberto’, a sintonia, a confiança, o entrosamento… Que Domingo chegue logo!!!! E que seja tão bom quanto o passado…ou ainda melhor!!!! Que cada passo dessa nossa jornada seja repleto de entrega, de envolvimento, de apoio, de descobertas, de leveza, de amor, de sonhos compartilhados…E que a ALEGRIA da Contracena só aumente…
      Não posso deixar de finalizar agradecendo a todos os ‘Meninos Pelados’, que me permitiram entrar no sonho deles para fazermos dessa bela história uma grande festa…


                                                                                                                          Por Camila Buarque

terça-feira, 10 de maio de 2011

Repetir para se energizar.

   Para começar a terça-feira bem, coloco aqui o texto feito com carinho pelo amigo e ator Amaro Vieira, o querido Pirenco.


      A terra ficou por um ensaio, LITERALMENTE dos Meninos Pelados!! Neste domingo chuvosode dia das mães, apenas o elenco masculino compareceu para ensaiar, será que estão ficando distantes de suas mães? Acho que não!! O fato é que puderam desfrutar de um ensaio marcante e bastante importante Para o aprimoramento de seus personagens e segurança nas ações em cena. A palavra da vez foi à repetição!
      Depois de todos os exercícios desgastantes fisicamente, que já comentamos por aqui, este ensaio trouxe algo ainda mais intenso. Dos pés a cabeça foi sentida essa intensidade em forma de energia e liberação de suor... muuuuito suor! A posição de pés, tensão de pernas, equilíbrio dos quadris, extensão da coluna, braços expressivos e máscara montadas proporcionaram a todos uma nova perspectiva no olhar do ator para com seu personagem, daí chegamos no ápice do nosso domingo.
       Encontrando seu caminhar ou sua máscara ou até mesmo um gesto, o trabalho de repetição e aprimoramento dos movimentos fizeram com que outras características fossem encontradas, percorrer o espaço e se deparar com o trabalho de um Carro, em outro extremo um Tronco se transformando, um Sardento se olhando e um Raimundo se encontrando. Isso fez com que um
Pirenco se reanimasse e liberasse suas energias....textos diversos, situações de subtextos trouxeram um outro prisma.

      E cantar o dorme Raimundo na sacada de um dos prédios do Recife Antigo, só em vozes graves, vendo pombos a voar, pessoas a nos observar e um lindo círculo de paralelepípedos no centro da rua da Moeda bem próximo a estátua do Chico Science, foi algo lúdico e mágico que concluiu as atividades deste belo dia das mães!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Diante da Ausência . Diante da presença do Ator

Segundo ensaio de maio. Quando o processo se “abril!
Diante da ausência
  Vou começar falando de ausências. A ausência do ator na cena. Desde a não ida ao ensaio, a ausência de que mesmo ele estando em cena percebemos sua ausência e quando vemos o ator em cena percebemos que ele sente a ausência dos outros que se ausentaram  do ensaio. Aquela solidão  ... Silêncio... Reticências... Manhã de domingo... Tempo chuvoso. Sacrifício... E não estão todos lá... E agora José? Um misto de raiva e desânimo. Do ponto de vista do ator é cruel do ponto de vista do diretor é crueldade. Como agir? Como o encenador deve agir nesse momento de ausências?  Como ser humano, sentir raiva. É, faz parte da natureza. Depois, em segundos, internamente se liberar desse sentimento e buscar trabalhar nas ausências. Como? Trabalhando aos presentes, com os presentes.
      O diretor tem que nesses casos superar, se superar, para não deixar tudo ir para o “descaminho”. E ai acontece um fenômeno interessante: o diretor se transformar em ator. Pois ele tem que suprir as ausências, sendo os atores e as atrizes que se ausentaram. O desdobramento de sua função é onipresente. É a onipresença que o faz, e o que fez surgir para o teatro. Claro que alguns teimam em ser onipotente e onipresente. Mas ai é outra categoria de diretores. Cada uma tem a sua.  Prefiro o onipresente. Pois isso requer dizer que o diretor deve e tem como obrigação estar em todos os pontos de criação de uma encenação e  é nesse momento que ele tem que atuar para os presentes que estão no ensaio, no processo,atuar para o próprio ator, com o próprio ator. Mesmo sentindo as ausências dos outros.  Para fechar esse capítulo sobre ausências finalizo que: diante da ausência do ator, o diretor, tem que se fazer ator, se fazer mais... Presente!
 Diante da presença
       Atores presentes, mas percebo certa ausência deles por vários motivos: data comemorativa. Dias das mães, domingo pela manhã, tempo chuvoso, e nem todos no ensaio. E a cena que tenho que contracenar? Com quem?  Como vai ser?  Há neles a ausência de motivação, de desânimo pela não presença dos outros. Hora de atuar! De motivá-los para o ensaio, para  a cena. Tinha elaborado um roteiro de exercícios físicos e psicológicos. Trabalhar as partes do corpo, isoladamente, sentir os pés, as mãos, as costas, os artelhos... As partes isoladas para o complemento do todo. E assim deixo primeiro eles se aquecerem vocalmente, musicalmente, pois a música acalma a fera, faz relaxar, transcender.
       Aproveito para na passagem das músicas, trabalhar a sonoridade já na cena, sem os exercícios físicos e psicológico. E foi criado, acrescentado um novo movimento para uma cena já existente, dando assim uma nova motivação para presença deles, naquele domingo chuvoso, e sem intervalo iniciei os exercícios descritos em mais de uma hora, para que eles sentissem cada parte isoladas, trabalhasse irradiação,  contracenação  percepção tátil com os objetos presentes na sala. 
       O resultado era íntegro, verdadeiro, intenso e sentir a presença de todos e  com os personagens vivos e presentes, mandei-os que contracenassem entre eles sem que se preocupassem com marcas, ordem cronológica, tempo e espaço, e assim ao mesmo tempo que estavam  em cena com um, corria para outro, e o outro já se dirigia para outro e já estava em outra situação,mas que sentisse a presença do rosto no espaço, o pé, as mãos, o outro. 
      Encerramos em círculo, cantando e tocando a música do espetáculo. E assim a todos estavam presentes naquela manhã de domingo, de mães, chuvas, Raimundo, Tronco, Carro, Pirenco, Sardento, violão, percussão, Leila Chaves, Tiago Nunes, Samuel Lira, Amaro Vieira, Pedro Ivo, André Caciano, Erick Lopes e o diretor satisfeito com aquelas presenças ...
   POR SAMUEL SANTOS

Dia do Trabalhador, dia do ator, dia de Teatro.

      No domingo, tudo se anima, tudo se alegra. É sempre uma felicidade ir a Tatipirum. Talvez muitos não consigam atingir e sentir a dimensão que isso nos traz, do que isso significa ao grupo, mas é certo, viajar com Raimundo é sempre um prazer.
      As novas marcações são de arrepiar. Como é que o ser humano pode ser tão cruel a coisas e pessoas que não o convém. O sofrimento de um terceiro alheio, muitas vezes não toca no coração, não comove, não move nada.
      O Raimundo sofre, é oprimido, preterido do grupo de meninos que não conseguem sonhar com a 'terra prometida'. Julgam a loucura por bem pouco. Não há insanidade, há sentimento e desejo de um lugar melhor que areja vento fresco de felicidade.
      Carro, Tronco, Laranjeira, Meninos Pelados... Chegamos lá! E vamos que vamos atrás dessa nossa história.