segunda-feira, 9 de maio de 2011

Diante da Ausência . Diante da presença do Ator

Segundo ensaio de maio. Quando o processo se “abril!
Diante da ausência
  Vou começar falando de ausências. A ausência do ator na cena. Desde a não ida ao ensaio, a ausência de que mesmo ele estando em cena percebemos sua ausência e quando vemos o ator em cena percebemos que ele sente a ausência dos outros que se ausentaram  do ensaio. Aquela solidão  ... Silêncio... Reticências... Manhã de domingo... Tempo chuvoso. Sacrifício... E não estão todos lá... E agora José? Um misto de raiva e desânimo. Do ponto de vista do ator é cruel do ponto de vista do diretor é crueldade. Como agir? Como o encenador deve agir nesse momento de ausências?  Como ser humano, sentir raiva. É, faz parte da natureza. Depois, em segundos, internamente se liberar desse sentimento e buscar trabalhar nas ausências. Como? Trabalhando aos presentes, com os presentes.
      O diretor tem que nesses casos superar, se superar, para não deixar tudo ir para o “descaminho”. E ai acontece um fenômeno interessante: o diretor se transformar em ator. Pois ele tem que suprir as ausências, sendo os atores e as atrizes que se ausentaram. O desdobramento de sua função é onipresente. É a onipresença que o faz, e o que fez surgir para o teatro. Claro que alguns teimam em ser onipotente e onipresente. Mas ai é outra categoria de diretores. Cada uma tem a sua.  Prefiro o onipresente. Pois isso requer dizer que o diretor deve e tem como obrigação estar em todos os pontos de criação de uma encenação e  é nesse momento que ele tem que atuar para os presentes que estão no ensaio, no processo,atuar para o próprio ator, com o próprio ator. Mesmo sentindo as ausências dos outros.  Para fechar esse capítulo sobre ausências finalizo que: diante da ausência do ator, o diretor, tem que se fazer ator, se fazer mais... Presente!
 Diante da presença
       Atores presentes, mas percebo certa ausência deles por vários motivos: data comemorativa. Dias das mães, domingo pela manhã, tempo chuvoso, e nem todos no ensaio. E a cena que tenho que contracenar? Com quem?  Como vai ser?  Há neles a ausência de motivação, de desânimo pela não presença dos outros. Hora de atuar! De motivá-los para o ensaio, para  a cena. Tinha elaborado um roteiro de exercícios físicos e psicológicos. Trabalhar as partes do corpo, isoladamente, sentir os pés, as mãos, as costas, os artelhos... As partes isoladas para o complemento do todo. E assim deixo primeiro eles se aquecerem vocalmente, musicalmente, pois a música acalma a fera, faz relaxar, transcender.
       Aproveito para na passagem das músicas, trabalhar a sonoridade já na cena, sem os exercícios físicos e psicológico. E foi criado, acrescentado um novo movimento para uma cena já existente, dando assim uma nova motivação para presença deles, naquele domingo chuvoso, e sem intervalo iniciei os exercícios descritos em mais de uma hora, para que eles sentissem cada parte isoladas, trabalhasse irradiação,  contracenação  percepção tátil com os objetos presentes na sala. 
       O resultado era íntegro, verdadeiro, intenso e sentir a presença de todos e  com os personagens vivos e presentes, mandei-os que contracenassem entre eles sem que se preocupassem com marcas, ordem cronológica, tempo e espaço, e assim ao mesmo tempo que estavam  em cena com um, corria para outro, e o outro já se dirigia para outro e já estava em outra situação,mas que sentisse a presença do rosto no espaço, o pé, as mãos, o outro. 
      Encerramos em círculo, cantando e tocando a música do espetáculo. E assim a todos estavam presentes naquela manhã de domingo, de mães, chuvas, Raimundo, Tronco, Carro, Pirenco, Sardento, violão, percussão, Leila Chaves, Tiago Nunes, Samuel Lira, Amaro Vieira, Pedro Ivo, André Caciano, Erick Lopes e o diretor satisfeito com aquelas presenças ...
   POR SAMUEL SANTOS

Um comentário:

  1. Ator presente nos ensaios, quer dizer: Comprometimento, respeito... Com os próprios atores,com o diretor (que é sensacional) com a arte!

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